Seminários Temáticos: Sete palavras para celebrar abril

Foi aprendiz compositor tipógrafo com um primeiro-oficial de tipografia da Imprensa Nacional numa antiga oficina tipográfica do Cais do Sodré. Iniciou o seu percurso projetual colaborando com o designer Robin Fior, em Lisboa, e com tipógrafo Alan Kitching, em Londres. Estabeleceu-se em ateliê próprio em 1996. A sua obra é extensa e diversa, tendo uma atividade dual enquanto projetista e artista: faz design gráfico, tipográfico; expõe desenho, pintura. Frequentou o Conservatório Nacional na classe de canto de António Wagner, estudando com os compositores Jorge Peixinho e Paulo Brandão enquanto se licenciava em Design de Comunicação na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. Jorge dos Reis é Master of Arts pelo Royal College of Art em Londres, Mestre em Sociologia da Comunicação pelo ISCTE, Doutorado pela Universidade de Lisboa. Atualmente é Professor Associado com Agregação na FBAUL, onde fundou e dirige o Mestrado em Práticas Tipográficas e Editoriais Contemporâneas. Preside às Comissões de Avaliação Externa da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) e é membro dos painéis de avaliação para o financiamento de projetos da Direcção-Geral das Artes (DGArtes). Realizou projetos de design gráfico para diversas instituições em Portugal e no estrangeiro.

Foi professor visitante na Norwich University of Arts; Univerza v Liubliana; Berlin Universität der Kunste; Weißensee Kunsthochschule Berlin; Accademia di Belle Arti di Bologna; Aalto University Helsínquia; Tampere University of Technology; Karel de Grote University Antuérpia; Marmara Üniversitisi Istambul; Accademia di Belle Arti di Venezia; Politecnico di Milano; Kunst Universität Linz; Hochschule RheinMain University of Applied Sciences Wiesbaden; Cardiff Metropolitan University; Bergen Fakultet for Kunst, Musikk og Design; Bauhaus Universität Weimar; Athens School of Fine Arts; Leeds University. No Brasil na Universidade Estadual de Minas Gerais, Universidade Federal do Ceará, Universidade Federal do Piauí e Universidade de Brasília. Em Portugal foi professor por vários anos no Instituto Politécnico de Tomar, Instituto Politécnico de Castelo Branco, Ar.Co Centro de Arte e Comunicação, IADE- Instituto de Artes Visuais Design e Marketing, ESTAL – Escola Superior de Tecnologias e Artes de Lisboa, colaborando atualmente com o ISEC Lisboa – Instituto Superior de Educação e Ciências.

Dentro de um conjunto alargado de monografias impressas destacaríamos cinco, de outras cinco exposições retrospetivas, que vincam o seu cânone, a sua obra e o seu método. A monografia Fragas Falantes, 20 anos 20 Tipos de Letra (UBI, Covilhã, 2016), faz um levantamento do seu trabalho no campo do design tipográfico. A publicação, Terra Plana – Humanismo e Formalismo, Vinte Anos de Prática Projetual em Design Gráfico 1996-2016 (Casa da Cerca, Almada, 2017), convoca sete áreas de intervenção, apresentando vinte projetos em cada um dos seus sete núcleos: 20 Cartazes para a cultura; 20 Letras tipográficas; 20 Livros e publicações; 20 Catálogos de obra; 20 Identidades gráficas; 20 Desenhos de processo; 20 Pinturas sobre papel. Um terceiro livro-catálogo debruça-se de forma muito precisa em torno do esquisso projetual, enquanto método exploratório, analisando uma só obra, dissecada em detalhe: Tipografia, Identidade, Teatralidade, A prática permanente do desenho enquanto instrumento de trabalho no projeto de design gráfico e tipográfico para o Teatro Municipal Joaquim Benite, Companhia de Teatro de Almada 2017–2018 (Edição Instituto Politécnico de Tomar, 2018). A obra impressa Labor e Método, Oitenta e Oito Cartazes (Editora Caleidoscópio, Museu Nacional da Imprensa) remetendo especificamente para os projetos no campo da cartazística, evocando a sua forte dimensão tipográfica. No campo das monografias, refira-se o livro Um Projetista na Academia, 25 anos de Design Gráfico Para A Universidade de Lisboa, editada em 2022 pela Imprensa da Universidade de Lisboa, no contexto de uma exposição retrospetiva realizada na Reitoria da Universidade de Lisboa, onde se revelou uma colaboração institucional muito extensa. A última publicação, que devemos referir e situar neste contexto, Profissão Pragmática Profissão Poética , Jorge dos Reis, Um Contributo Projetual Para o Design Gráfico Contemporâneo em Portugal e Para a Sua Internacionalização, procura confirmar a visualização do processo e da metodologia no projeto, o desenho de mediação, o esquisso de descoberta, para atingir formas que sejam significativas, tanto do ponto de vista funcional como estético, evidenciado a poesia das formas, assim expondo doze obras de modo exaustivo.

Refira-se ainda a edição Respirar d’baixo d’água, Peixe de Setúbal, Mercado do Livramento, editada em 2021, que teve como ponto de partida uma observação delicada em torno do comércio de peixe no Mercado do Livramento. Esta publicação e projeto partiram da definição de um dispositivo de comunicação que assentou na implantação urbana e disseminação na cidade de quinze peças de design gráfico, que pudessem devolver a Setúbal uma identidade ligada à pesca e uma clara identificação dos seus valores gastronómicos associados ao peixe, os quais foram exaltados visual e simbolicamente. Propuseram-se quinze artefactos visuais que se foram impondo na paisagem urbana de um modo organizado, sequencial, persistente, numa harmonia de conjunto, mas também através de uma forte personalidade individual, patente em cada um dos objetos.

No seu todo, quase uma trintena de livros, debruçados sobre a prática do design gráfico, da tipografia, do book design, do desenho e também da pintura, revelam um labor constante, obstinado e rigoroso. Obras publicadas (monografias, catálogos, livros): A Escrita das Escritas (Estar); Das Letras que Moram nas Palavras (Biblioteca Nacional de Portugal); Depois de Gutenberg (Instituto Politécnico de Castelo Branco), O Cultivo das Letras (EPUL, Câmara Municipal de Lisboa); O Bilingue Tipográfico de Macau (Centro Científico e Cultural de Macau); Terra Beirã Terra Tipografada (Câmara Municipal da Guarda); Uma Terra Uma Letra (Câmara Municipal da Guarda); Trânsito Local Trânsito Vocal (com Américo Rodrigues – Luzlinar); Codex – Palavra e Simulacro (Diferença Comunicação); Visible Speech (Teatro Municipal da Guarda); Uma Caligrafia Insular (Museu de Angra do Heroísmo); Escrevo Risco (com Américo Rodrigues. Luzlinar); Tipograma Topograma (Teatro Municipal Joaquim Benite); Livros de Provas (Faculdade de Belas-Artes); Libro Panóptico (Cevmo, Salamanca Morille); Seis Alfabetos Para Paul Klee (Universidade de Aveiro); O Desenho da Escrita em Portugal (Biblioteca Nacional de Portugal); Da Epigrafia à Caligrafia da Tipografia à Poesia (Centro Cultural Raiano); Caderno de Campo da Serra da Gardunha (A Moagem, Cidade do Engenho e das Artes, Câmara Municipal do Fundão); Compositori Tipografici Geografici (com Alberto Casiraghi, Edizioni Pulcino Elefante); Fragas Falantes, 20 anos, 20 tipos de letra (Universidade da Beira Interior); Folding the Text Lines of The Book (Círculo de Artes Plásticas de Coimbra); Terra Plana (Casa da Cerca); Tipografia Identidade Teatralidade (Instituto Politécnico de Tomar); Labor e Método, Oitenta e Oito Cartazes (Editora Caleidoscópio, Museu Nacional da Imprensa); Respirar d’baixo d’água, Peixe de Setúbal, Mercado do Livramento (Câmara Municipal de Setúbal); Um Projetista na Academia, Vinte e Cinco Anos de Design Gráfico Para a Universidade de Lisboa: 25 obras. (Imprensa da Universidade de Lisboa, Centro de Investigação e de Estudos em Belas-Artes); Profissão Pragmática Profissão Poética, Jorge dos Reis, Um Contributo Projetual Para o Design Gráfico Contemporâneo em Portugal e Para a Sua Internacionalização (Universidade Nova de Lisboa, VICARTE ~ Vidro e Cerâmica para as Artes).